terça-feira, 31 de agosto de 2010


France Presse
31/08/2010 09h16 - Atualizado em 31/08/2010 09h28

Obama fará discurso sobre fim de operações de combate no Iraque

Desde 2003, mais de um milhão de militares dos EUA passaram pelo Iraque.
Exército terá cerimônia para iníciar nova etapa de sua presença no país.

Da France Presse

O presidente americano Barack Obama anunciará em um discurso solene nesta terça-feira (31) o fim simbólico das operações de combate das forças americanas no Iraque, sete anos depois de uma invasão à qual se opôs e num momento em que o país árabe parece estar longe da estabilidade.
Desde 2003, mais de um milhão de militares dos Estados Unidos passaram pelo Iraque, dos quais 4.400 perderam a vida.
"Tudo ficará bem para nós, e tudo ficará bem para eles", declarou o vice-presidente Joe Biden em sua visita surpresa a Bagdá na véspera, ao responder às perguntas sobre a violência que ainda assola o país árabe.
Tal como prometeu depois de sua posse em janeiro de 2009, Obama anunciará oficialmente na noite desta terça-feira (21h00 de Brasília) o fim da missão de combate de suas tropas no Iraque, durante um discurso pronunciado no gabinete oval da Casa Branca.
Obama prevê ainda conversar por telefone com seu antecessor, George W. Bush, que, com o apoio de vários países, tomou a controversa decisão de invadir o Iraque em março de 2003.
O exército organiza na quarta-feira, na presença de Biden, uma cerimônia para realçar o início de uma nova etapa de sua presença no Iraque, a operação "Novo Amanhecer" ("New Dawn"), na qual 50.000 militares americanos permanecerão no país essencialmente para treinar as forças de segurança locais.
Entretanto, o vice americano - que visita pela sexta vez o Iraque desde janeiro de 2009 - prevê reunir-se com os principais dirigentes iraquianos, principalmente os chefes das duas principais listas no parlamento, o primeiro-ministro Nuri Al-Maliki e o ex-chefe de governo Iyad Allawi, cujas ambições alguns atribuem a atual situação de bloqueio político no país.
As legislativas não deram a nenhum partido a capacidade para governar sozinho.
Apesar do final da missão de combate, nenhuma manifestação de alegria é esperada nas ruas iraquianas, ao contrário do que aconteceu em junho de 2009, quando as forças americanas se retiraram das cidades iraquianas.
Em um contexto político incerto em Bagdá, muitos iraquianos estão apreensivos ante a saída progressiva das tropas dos Estados Unidos, que chegaram a somar 170.000 efetivos em 2007, temendo que sua polícia e seu exército não estejam ainda preparados para assumir sozinhos todas as tarefas de segurança.
O comandante do Estado-Maior iraquiano, o general Babaker Zebari, considerou, inclusive, prematura a retirada americana, pedindo a Washington que os soldados permanecessem no país até que o exército nacional esteja totalmente preparado em 2020.
Segundo Maliki, no entanto, as forças iraquianas são capazes de garantir a segurança no país.
"Lamentavelmente, estamos enfrentando uma campanha de ceticismo e estamos convencidos de que o objetivo é impedir a retirada das tropas ameriacanos", afirmou o chefe de Governo ao canal público Iraqiya.
"Reitero que as forças de segurança iraquianas são capazes de assumir suas responsabilidades", insistiu Maliki.
O Irã, por sua vez, pediu nesta terça-feira a retirada de todas as tropas americanas do Iraque.
"A presença massiva de tropas americanas sob diversos pretextos como a formação de tropas (iraquianas) é inaceitável", declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, durante um encontro semanal com a imprensa.
"Isso mostra que os americanos não tomaram medidas sérias para a retirada de suas tropas do Iraque", acrescentou.

31/08/2010 09h00 - Atualizado em 31/08/2010 09h19

‘Ninguém se importa com histórias de soldados’, diz veterano do Iraque

Fred Minnick foi soldado e fotógrafo do Exército americano em 2004.
Volta para casa, segundo ele, foi mais difícil que a guerra.

Marília JusteDo G1, em São Paulo
O americano Fred Minnick no IraqueO americano Fred Minnick no Iraque (Foto: Arquivo
Pessoal)
Fred Minnick esteve 365 dias como soldado do Exército americano no Iraque, mas para ele a pior parte começou quando ele voltou para casa.
“Enfrentei um inimigo muito mais mortal que a granada que quase me matou, as balas ou os morteiros”, contou ele ao G1. “Fui diagnosticado com uma forma severa de transtorno de estresse pós-traumático. (...) Eu odiava que a sociedade se importasse mais com os problemas legais de Martha Stewart [uma apresentadora de TV americana] do que com os soldados”, afirma.
G1 publica uma série de reportagens sobre os sete anos de ocupação norte-americana no Iraque. Leia também o raio-X da guerra e indicações de livros e filmes para entender o conflito.
Meu trabalho permitiu que eu observasse a guerra de todos os ângulos"
Fred  Minnick
Minnick chegou ao Iraque com 27 anos, em janeiro de 2004, e uma tarefa diferente da maioria de seus colegas: era fotógrafo. Sua missão era acompanhar as tropas de infantaria e registrar as operações de combate, antes, durante e depois. Embora estivesse armado e de farda, seu principal instrumento de trabalho era a câmera.
“Meu trabalho permitiu que eu observasse a guerra de todos os ângulos e me deu a oportunidade de contar a história de nossos heróis”, afirma.
Na volta aos Estados Unidos, no entanto, Minnick descobriu que os americanos não queriam ouvir essa história. “Quase que imediatamente ao voltar para casa, em janeiro de 2005, meus problemas começaram”, conta, sobre o estresse pós-traumático.
Em um dos pesadelos que teve com o Iraque, ele conta que acordou do lado de fora da casa dos pais, abraçado a uma árvore gritando que “eles estavam por toda a parte”.
A missão de Minnick (na foto, com a câmera) era acompanhar as tropas de infantaria e registrar imagensA missão de Minnick (na foto, com a câmera) era acompanhar as tropas de infantaria e registrar imagens (Foto: Arquivo Pessoal)
“Eu queria poder dizer que os pesadelos eram a única coisa me impedindo de dormir ou de me reajustar. Mas eu bebia o máximo que podia e evitava encontrar meus amigos”, conta. “Quando as pessoas se interessavam [pelo Iraque], perguntavam apenas coisas como ‘você matou alguém?’, ‘você acha que nós devíamos estar lá?’”, lembra Minnick.
“Uma vez, depois que o meu time de basquete perdeu o campeonato, bebi várias garrafas de cerveja. Comecei a chorar no bar porque eu não conseguia nem mesmo lidar com a derrota em um jogo de basquete,” conta.
A capa do livro 'Camera Boy'A capa do livro 'Camera Boy' (Foto: Divulgação)
Para superar o trauma, um de seus terapeutas (“demorei para escolher um de quem eu gostasse”, conta Minnick) sugeriu que ele “contasse sua história”.
Ele se demitiu de seu emprego e se mudou para uma cidade do interior, onde escreveu o livro “Camera Boy”, com as suas memórias da guerra.
“Colocar minhas experiências no papel fez eu me sentir melhor. Eu pensava que o mundo iria ouvir minha história e a história dos meus amigos que morreram. Eles iriam conhecer Samir, nosso intérprete iraquiano que foi assassinado e ele não seria esquecido. Nunca acreditei que minha história era mais especial do que a de qualquer outro soldado, mas ela é minha e eu tenho orgulho do que fiz. Tenho orgulho de preservar a memória dos meus amigos caídos”, conta.
“Mas logo descobri que as editoras eram a mesma coisa que o resto da América: ninguém se importava com o Iraque ou, mais precisamente, com as histórias dos soldados”, conta.
Passei muitas noites acordado pensando porque ninguém se importava com o Iraque. Meus amigos morreram por nada? Meu tempo ali não significou nada?"
Fred Minnick
Minnick levou “Camera Boy” a centenas de editoras, segundo ele, incluindo uma das maiores de Nova York, onde um agente teria dito que gostava do livro, mas que não conseguiria vendê-lo.
“’As editoras estão perdendo dinheiro com livros sobre o Iraque e você é um ninguém’, ele me disse, indicando que eu não era um general, um político ou um jornalista do "New York Times". Ele disse que poderia haver algum interesse se eu tornasse ‘Camera Boy’ ‘anti-Bush’ ou crítico da mídia. Demiti o cara”, conta.
Foram mais de cem rejeições ao longo de um ano, segundo ele. “Passei muitas noites acordado pensando porque ninguém se importava com o Iraque. Meus amigos morreram por nada? Meu tempo ali não significou nada?”, diz Minnick.
Somente após três anos, uma pequena editora militar entrou em contato com Minnick sobre a possibilidade de publicar seu livro. “Nunca tive fantasias de que ‘Camera Boy’ fosse me tornar rico ou famoso ou importante. (...) Quando fiz as contas entre o tempo que eu gastei escrevendo e o quanto eu ganharia, percebi que provavelmente terei cerca de dez centavos por hora”, afirma.
“Mas o livro nunca foi sobre o dinheiro. Eu queria apenas preservar as histórias dos meus amigos para que talvez as pessoas apreciassem um pouco mais o sacrifício dos soldados. Nós, veteranos, demos tanto por nosso país. O mínimo que as pessoas podem fazer é ouvir nossa história”, conta.
Imagem feita por Minnick durante operação de guerra no Iraque, em 2004Imagem feita por Minnick durante operação de guerra no Iraque, em 2004 (Foto: Fred Minnick)

Menina iraquiana fotografada por Minnick. Menina iraquiana fotografada por Minnick. (Foto: Fred Minnick)

BBC
31/08/2010 07h58 - Atualizado em 31/08/2010 09h26

Leoas recebem anticoncepcional para mulheres no Cairo

Por falta de recursos, administração não consegue conter a grande expansão na população de leões.

Da BBC
Veterinários no zoológico de Giza, no Cairo, estão dando pílulas anticoncepcionais de mulheres para as leoas em cativeiro, para tentar impedir o grande crescimento na natalidade dos animais.
Improviso visava impedir o grande crescimento na natalidade dos animaisImproviso visava impedir o grande crescimento na natalidade dos animais (Foto: BBC Brasil)
O zoológico sofre com a falta de recursos, e não tem jaulas suficientes para manter machos e fêmeas separados. Atualmente o zoológico tem uma população de 53 leões, que estão entre as atrações mais populares entre os visitantes.
"Nós damos duas pílulas para as leoas a cada quinze dias, o que reduziu em 30% o número de inseminações", diz o veterinário Waleed Shaban Bader, do zoológico de Giza.
A alta natalidade dos leões é só um dos inúmeros problemas do zoológico, que foi expulso da associação internacional há alguns anos por manter baixos padrões de qualidade.
Alguns funcionários se aproveitam da precariedade da administração para ganhar dinheiro por fora. Por uma pequena quantia de dinheiro, um funcionário levou a reportagem da BBC para um tour de animais que não estão à mostra no zoológico.
Funcionários se aproveitam da precariedade da administração do zoológico para ganhar dinheiro por fora em tours de animais que não estão à mostraFuncionários se aproveitam da precariedade da administração do zoológico para ganhar dinheiro por fora em tours de animais que não estão à mostra (Foto: BBC Brasil)
Um turista revelou que se pagando mais uma gorjeta equivalente a R$ 10, é possível acariciar, alimentar ou até segurar no colo alguns filhotes de tigre.
Ativistas de direitos dos animais afirmam que, apesar dos problemas, o zoológico de Giza do Cairo melhorou nos últimos anos. O local ainda é um dos destinos mais populares entre os egípcios da capital.

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