Obama fará discurso sobre fim de operações de combate no Iraque
Desde 2003, mais de um milhão de militares dos EUA passaram pelo Iraque.
Exército terá cerimônia para iníciar nova etapa de sua presença no país.
O presidente americano Barack Obama anunciará em um discurso solene nesta terça-feira (31) o fim simbólico das operações de combate das forças americanas no Iraque, sete anos depois de uma invasão à qual se opôs e num momento em que o país árabe parece estar longe da estabilidade.
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Desde 2003, mais de um milhão de militares dos Estados Unidos passaram pelo Iraque, dos quais 4.400 perderam a vida.
"Tudo ficará bem para nós, e tudo ficará bem para eles", declarou o vice-presidente Joe Biden em sua visita surpresa a Bagdá na véspera, ao responder às perguntas sobre a violência que ainda assola o país árabe.
Tal como prometeu depois de sua posse em janeiro de 2009, Obama anunciará oficialmente na noite desta terça-feira (21h00 de Brasília) o fim da missão de combate de suas tropas no Iraque, durante um discurso pronunciado no gabinete oval da Casa Branca.
Obama prevê ainda conversar por telefone com seu antecessor, George W. Bush, que, com o apoio de vários países, tomou a controversa decisão de invadir o Iraque em março de 2003.
O exército organiza na quarta-feira, na presença de Biden, uma cerimônia para realçar o início de uma nova etapa de sua presença no Iraque, a operação "Novo Amanhecer" ("New Dawn"), na qual 50.000 militares americanos permanecerão no país essencialmente para treinar as forças de segurança locais.
Entretanto, o vice americano - que visita pela sexta vez o Iraque desde janeiro de 2009 - prevê reunir-se com os principais dirigentes iraquianos, principalmente os chefes das duas principais listas no parlamento, o primeiro-ministro Nuri Al-Maliki e o ex-chefe de governo Iyad Allawi, cujas ambições alguns atribuem a atual situação de bloqueio político no país.
As legislativas não deram a nenhum partido a capacidade para governar sozinho.
Apesar do final da missão de combate, nenhuma manifestação de alegria é esperada nas ruas iraquianas, ao contrário do que aconteceu em junho de 2009, quando as forças americanas se retiraram das cidades iraquianas.
Em um contexto político incerto em Bagdá, muitos iraquianos estão apreensivos ante a saída progressiva das tropas dos Estados Unidos, que chegaram a somar 170.000 efetivos em 2007, temendo que sua polícia e seu exército não estejam ainda preparados para assumir sozinhos todas as tarefas de segurança.
O comandante do Estado-Maior iraquiano, o general Babaker Zebari, considerou, inclusive, prematura a retirada americana, pedindo a Washington que os soldados permanecessem no país até que o exército nacional esteja totalmente preparado em 2020.
Segundo Maliki, no entanto, as forças iraquianas são capazes de garantir a segurança no país.
"Lamentavelmente, estamos enfrentando uma campanha de ceticismo e estamos convencidos de que o objetivo é impedir a retirada das tropas ameriacanos", afirmou o chefe de Governo ao canal público Iraqiya.
"Reitero que as forças de segurança iraquianas são capazes de assumir suas responsabilidades", insistiu Maliki.
O Irã, por sua vez, pediu nesta terça-feira a retirada de todas as tropas americanas do Iraque.
"A presença massiva de tropas americanas sob diversos pretextos como a formação de tropas (iraquianas) é inaceitável", declarou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Ramin Mehmanparast, durante um encontro semanal com a imprensa.
"Isso mostra que os americanos não tomaram medidas sérias para a retirada de suas tropas do Iraque", acrescentou.