quarta-feira, 7 de julho de 2010


Número de mortes cresce 41

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BLITZE ACABAM sendo pontuais em municípios onde o trânsito não é municipalizado
MIGUEL PORTELA
7/7/2010
Aumento da frota e crescimento da população influenciam nas ocorrências, conforme especialista

Os acidentes de trânsito continuam a ser uma preocupação para especialistas. Mais uma vez, os números não são favoráveis para o Ceará que, nos dois primeiros meses de 2010, apresentou um crescimento de 41,27% de mortes em relação ao ano passado. O índice pulou de 189 mortos, em 2009, para 267, este ano.

Em 2010, o total de acidentes foi de 3.803, com 267 óbitos e 2.216 feridos. O número total de acidentes nos meses de janeiro e fevereiro de 2009 foi de 3.465, um aumento de 9,75%. Já, entre os feridos, a elevação foi de 10,19%, passando de 2.011, no ano passado, para 2.216, este ano.

Um dos fatores que precisam ser levados em conta nas estatísticas de acidentes de trânsito é o aumento da frota - que cresce, em média, 11% ao ano - e da população, que muda a cada ano. Esses dois fatores contribuem para o número de ocorrências, diz a professora do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Bete Moreira. Além disso, ela explica que é preciso também saber se houve ou não melhorias nas ações de trânsito, como sinalização e circulação dos veículos.

"Nos meses de janeiro e fevereiro é quando o Estado recebe muitos turistas, as cidades passam a contar com mais pessoas, que correm mais riscos. Quem vem de fora não conhece os sentidos das vias nem a sinalização local". Duas das causas mais significativas para a ocorrência de acidentes ainda são a imprudência e o descumprimento de leis pelos motoristas. A professora acredita que a solução para evitar que as pessoas cometam irregularidades no trânsito é a penalização efetiva. "Se a carteira de motorista fosse suspensa de imediato, o cidadão pensaria duas vezes antes de dirigir embriagado", exemplifica.

Interior

A diretora de Planejamento do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), Lorena Moreira, justifica que os acidentes no Ceará concentram-se mais, hoje, no Interior, em especial nas 136 cidades onde o trânsito não é municipalizado, portanto as blitze acabam sendo pontuais. "As ocorrências de janeiro e fevereiro de 2010 foram de poucos e atípicos acidentes, que envolveram veículos de grande porte com muitas pessoas, daí o aumento no número de óbitos", explica Moreira. Por outro lado, a professora da UFC destaca que a carteira de motorista popular, oferecida pelo Estado, dá oportunidades para que mais pessoas dirijam. Com isso, aumentam os riscos.

Fora isso, a diretora do Detran-CE acrescenta que o índice de acidentes aumentou no período de férias e de Carnaval, que já costumam ser mais violentos. "Em março, deve haver uma redução que ainda não temos como precisar porque os dados ainda não foram consolidados". De acordo com ela, mesmo com campanhas e fiscalizações, ainda existem pessoas que insistem em burlar a lei.

SEM RESULTADOS
Lei Seca ainda não é solução no Estado


A Lei Seca, que está completando dois anos, poderia ser apontada como solução para reduzir os acidentes de trânsito no Ceará, não fossem os resultados pífios obtidos pelo Estado na redução do número absoluto de óbitos.

A redução de mortos no Ceará foi de 3,8% entre 12 meses antes e 12 depois da Lei Seca, passando de 1.614 para 1.552 óbitos. Já a taxa de mortalidade por acidentes de transporte terrestre caiu 5,9%, passando de 19,1 para 18.

Os números em Fortaleza não são positivos. Para se ter uma ideia, de 2006 até 2009, as colisões aumentaram 43%. De acordo com o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), a fiscalização vem sendo reforçada. Conforme dados do Detran, nada menos do que 167 motoristas foram flagrados alcoolizados entre a última quinta-feira e o domingo passado. Desse total, 167 só em Fortaleza. Os números de 2010 assustam. Já são 4.999 guiadores apanhados em flagrante pela fiscalização.

O problema da ineficiência de Lei Seca é que, como explica a diretora de Planejamento do Detran-CE, Lorena Moreira, os órgãos de trânsito não estavam aparelhados quando ela surgiu. "O Ceará só contava com dois bafômetros. Em 2008, ainda estávamos nos adequando à lei, daí as ocorrências terem sido em menor número", lembra.

Nos seis primeiros meses de Lei Seca, foram 1.827 ocorrências registradas. "Em 2010, já tivemos 5.811. Em todo o ano de 2009, foram 12.471".

Para dar uma força à lei, a Subcomissão Especial da Câmara dos Deputados criada para promover a revisão do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) reuniu-se, ontem, para votar o relatório final. A proposição é substituir, do CTB, o trecho que permite a detenção do motorista que conduzir o veículo "com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a seis decigramas" pela reclusão do motorista que estiver "sob a influência de álcool".

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